A teoria econômica liberal baseada na noção de livre concorrência como mecanismo de auto-regulação do mercado (que teve suas bases lançadas por Adam Smith com a publicação de sua obra “A Riqueza das Nações”) trouxe, na segunda metade do séc. XVIII, como proposta a liberdade não apenas social, mas principalmente econômica. Mas devemos nos questionar, que liberdade efetivamente nos foi oferecida por este sistema?
Ah, a liberdade! Eu não abro mão da minha liberdade, me nego a não ter o direito de contribuir com meus impostos para salvar bancos e empresas quebradas, me nego a não ter liberdade para sair de casa sem segurança, não consigo conviver com a ideia de não ter uma educação de má qualidade, penso que é inimaginável não ter a liberdade de viver em uma sociedade desigual, quero poder sempre que eu quiser pagar juros exorbitantes por um empréstimo, quero poder ser preso caso agrida a propriedade privada, quero poder viver minha “vida de gado” na minha rotina de trabalho para ajudar meus patrões a ter uma vida boa e confortável e poder escolher representantes que ajudem todos aqueles que tem muito dinheiro mas ignorem meus problemas. Esta foi a liberdade que efetivamente, o liberalismo e posteriormente seu “filhote” o neoliberalismo, nos ofereceram.
Mas quando os verdadeiros movimentos que realmente lutam pela liberdade, como é o caso das greves em Wallstreet, das manifestações na Grécia, na Espanha, em Londres, quando o POVO busca a sua emancipação em relação ao grande capital financeiro, estes liberais, quero dizer estes neoliberais, que se colocam como verdadeiros paladinos da moralidade e da liberdade, se recusam a “largar o osso” (o dinheiro). Usam todas as formas possíveis, desde um discurso bonito até a violência gratuita para coibir manifestações.
Eu ouço muito frases do tipo “isto é muito radical”, “manifestações violentas”, e outras tantas frases deste teor, mas pouco se reflete sobre o fato de que já foram muitas as propostas alternativas as que estamos vendo, como por exemplo as ideias socialistas do século XIX, que defendiam uma sociedade sem desigualdades e onde todos pudessem ter acesso as riquezas produzidas, já se tentou pela via de chegar ao poder impedir que o povo continuasse a sair sempre perdendo nesta briga com o grande capital, mas não adiantou.
Para aqueles que querem uma proposta, eu trago uma, e para tanto faço uso de Bertold Brecht quando o mesmo afirma que não temos que tentar tomar o Estado, temos que destruí-lo. E para justificar essa suposta radicalidade de minha proposta, eu digo que o Estado serve única e exclusivamente para os interesses do capital, seu aparato nas áreas de segurança, na área econômica, inclusive na educação e na saúde (avaliem a educação e a saúde pública em relação a privada), tudo gira em torno do capital.
É isso, “ao povo o que é do povo”.