sábado, 1 de outubro de 2011

Liberdade e Liberalismo

A teoria econômica liberal baseada na noção de livre concorrência como mecanismo de auto-regulação do mercado (que teve suas bases lançadas por Adam Smith com a publicação de sua obra “A Riqueza das Nações”) trouxe, na segunda metade do séc. XVIII, como proposta a liberdade não apenas social, mas principalmente econômica. Mas devemos nos questionar, que liberdade efetivamente nos foi oferecida por este sistema?

Ah, a liberdade! Eu não abro mão da minha liberdade, me nego a não ter o direito de contribuir com meus impostos para salvar bancos e empresas quebradas, me nego a não ter liberdade para sair de casa sem segurança, não consigo conviver com a ideia de não ter uma educação de má qualidade, penso que é inimaginável não ter a liberdade de viver em uma sociedade desigual, quero poder sempre que eu quiser pagar juros exorbitantes por um empréstimo, quero poder ser preso caso agrida a propriedade privada, quero poder viver minha “vida de gado” na minha rotina de trabalho para ajudar meus patrões a ter uma vida boa e confortável e poder escolher representantes que ajudem todos aqueles que tem muito dinheiro mas ignorem meus problemas. Esta foi a liberdade que efetivamente, o liberalismo e posteriormente seu “filhote” o neoliberalismo, nos ofereceram.

Mas quando os verdadeiros movimentos que realmente lutam pela liberdade, como é o caso das greves em Wallstreet, das manifestações na Grécia, na Espanha, em Londres, quando o POVO busca a sua emancipação em relação ao grande capital financeiro, estes liberais, quero dizer estes neoliberais, que se colocam como verdadeiros paladinos da moralidade e da liberdade, se recusam a “largar o osso” (o dinheiro). Usam todas as formas possíveis, desde um discurso bonito até a violência gratuita para coibir manifestações.

Eu ouço muito frases do tipo “isto é muito radical”, “manifestações violentas”, e outras tantas frases deste teor, mas pouco se reflete sobre o fato de que já foram muitas as propostas alternativas as que estamos vendo, como por exemplo as ideias socialistas do século XIX, que defendiam uma sociedade sem desigualdades e onde todos pudessem ter acesso as riquezas produzidas, já se tentou pela via de chegar ao poder impedir que o povo continuasse a sair sempre perdendo nesta briga com o grande capital, mas não adiantou.

Para aqueles que querem uma proposta, eu trago uma, e para tanto faço uso de Bertold Brecht quando o mesmo afirma que não temos que tentar tomar o Estado, temos que destruí-lo. E para justificar essa suposta radicalidade de minha proposta, eu digo que o Estado serve única e exclusivamente para os interesses do capital, seu aparato nas áreas de segurança, na área econômica, inclusive na educação e na saúde (avaliem a educação e a saúde pública em relação a privada), tudo gira em torno do capital.

É isso, “ao povo o que é do povo”.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Resenha - Os Incompreendidos

Estava pensando que obra poderia ser a primeira a ser resenhada pelo blog, queria uma obra importante, mas densa, que não tivesse sido esgotada pela crítica, uma obra que se preservasse até agora, em fins de setembro do primeiro ano da segunda década do segundo milênio. Que obra poderia ser? Passei alguns dias pensando a respeito até que hoje, numa manhã solitária vagueando pela minha pasta de downloads decido me arriscar com uma obra que já tinha tentado assistir mas desistira logo no começo. Confesso que só saí da cama para ir no banheiro hoje, que não tive coragem nem de me levantar e organizar os cabos de modo que pudesse assistir na televisão. No auge de minha preguiça assisti o filme na tela de meu netbook com o áudio limitado pela qualidade do mesmo. E garanto, valeu a pena.

Um filme francês de 1959, em preto e branco. O grande atrativo que o filme exercia sobre mim era o diretor, François Truffaut é conhecido por ter sido um dos grandes nomes do movimento francês chamado nouvelle vague, que também tinha como um dos grandes Jean-Luc Godard, aquele que é citado por Legião Urbana em "Eduardo e Mônica" e "Selvagem" dos Paralamas do Sucesso. O filme de Truffaut, de acordo com as resenhas que andei lendo, é autobiográfico, embora o diretor nunca tenha gostado de falar do assunto. Me pareceu interessante, mas, por que se tornou um clássico? Ser considerada uma das obras fundadoras de um movimento artístico tao comentado não é um feito banal...

O filme inicia em uma sala de aula, onde os alunos passam entre si uma foto pin-up (aquelas fotos de mulheres em posições sensuais pra época) enquanto o professor escreve no quadro, de costas para a turma, voltando se para a classe no momento exato em que um dos alunos tinha ela sobre a carteira. Evidentemente que o mesmo sofre uma repreensão, sendo castigado à moda antiga: sentando "no canto". Nessa cena inicial, temos a apresentação de nosso (anti?)herói, um adolescente de quinze anos, de família humilde que se envolve em diversos problemas por indisciplina.

Nada de novo pra quem cresceu ouvindo o narrador da Sessão da Tarde anunciando "Altas confusões" geradas por jovens de características semelhantes. E a'i entra a genialidade do diretor François Truffaut: O filme consegue o equilíbrio perfeito entre drama e comedia ao mesmo tempo em que leva o espectador a compreender o personagem e suas motivações. O jovem Antoine Doinel não nos é apresentado como um delinquente juvenil raso, um inconsequente que só deseja chamar a atenção dos pais e professores ele não pode ser descrito simplesmente como um jovem desajustado ou incompreendido, através do drama de Doinel sentimos uma das mais terríveis sensações daquelas comumente sentidas na adolescência: não ser desejado em lugar algum. Para a escola ele é o jovem indisciplinado, irresponsável e desordeiro, para a família, o menino problema. Os pais não tem tempo pra ele e quando o têm, criticam suas falhas, aplicando castigos e o reprimindo. A sensação é de que não deveria estar ali, não deveria existir, mas, pra onde ir? Mesmo quando tudo parece se encaixar, a impossibilidade de ser compreendido pelos que o cercam faz com que o mundo do protagonista entre em ruínas. E é essa a historia de Antoine Doinel, a história de alguém desajustado, de alguém incompreendido, de alguém indisciplinado e vários outros alguéns, mas, acima de tudo, a história de alguém a procura de um lugar e de uma razão para viver.

É uma obra tao grandiosa, que das resenhas que li, nenhuma abordava os mesmos aspectos, cada uma delas tendo uma visão diferente sobre o personagem e seu drama. De consenso apenas um adjetivo: Genial. E é com ele que defino a obra.

Link no cinemacultura


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Todo dia o julgamento é diferente, mas, a sentença é sempre igual.

Sim, isso mesmo! Nos deparamos todos os dias com julgamentos de diversas pessoas, nosso jeito de agir, vestir, conversar ou o que quer que seja, sempre será julgado. Já dizia um sábio compositor “Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro, transformam o país inteiro num puteiro” aqueles que nos julgam e se dizem tão corretos e decentes, são os mesmos que se escondem por trás de muitas portas e não dão suas caras imundas para serem batidas. Agora os julgados como nós, estão ai todos os dias apanhando. Independentemente do que fomos ou fizemos, seremos perseguidos pela vida toda. Não que isso seja ruim, pois foi o que fizemos no passado que nos transformou no que somos hoje.



Mas isso não importa, pois no fim viramos a mesma ínfima merda.



Se pudesse...

Meu coracao tem mais quartos que uma pensao de putas, meu coracao tem mais quartos que uma pensao de putas, meu coracao tem mais quartos que uma pensao de putas...



Meu peito disparava a frase de Gabriel Garcia Marquez e eu cantarolava entre dentes sorridentes como um refrão, sentia-me feliz. Feliz de uma maneira que deveria ser proibida, feliz de uma maneira profana, imoral até. Mas meu riso era um riso de foda-se, um riso que cagava pras convenções morais. O riso de uma noite foda, o riso de trepadas memoráveis, de orgasmos multiplos e de olhares confidentes. O riso de uma ilusão talvez, mas quem se importa se o zagueiro reserva do time campeão é ruim de bola? Minha felicidade era tão absurda, que me peguei dançando nu e só, sorrindo para as paredes, para a televisão desligada, pras roupas espalhadas no chão e a gata no cio. Tropeço, caio, me raspo todo na quina do sofá e continuo a sorrir, gargalho de mim mesmo. Ah, como eu queria um ilusão perene, um amor eternamente platônico, um amor de eternos orgasmos multiplos e sorrisos confidentes.

Se pudesse, me apaixonaria o tempo todo.